ABC: composição muito comum na literatura de
cordel em que cada verso começa com uma letra do alfabeto. Por esta razão, os
poemas escritos na modalidade ABC foram bastante utilizados no processo de
letramento e de alfabetização no sertão nordestino, uma vez que cada verso é
associado a uma letra e auxilia na memorização do alfabeto e das palavras.
Em decorrência do Primeiro Congresso de
Folclore, realizado de 22 a 31 de agosto de 1951 na cidade do Rio de Janeiro, o
ABC foi identificado como integrante da poesia popular mnemônica, assim como o
Pelo Sinal, as xácaras, as loas e motes.
No livro Glossário da poesia popular, do cantador e pesquisador José Alves
Sobrinho, há uma definição bastante apropriada do gênero ABC. Um exemplo de
como os poetas da literatura de cordel compõem o ABC está nas três primeiras
estrofes do folheto ABC da caída do Zebu,
de autoria de Adolfo Mariano:
A caída do zebu
Para muitos foi um fracasso
Tem caboclo jururu
Que mostrava ser ricaço
Outros ficava quase nu
No mundo marcando passo.
Base ninguém tinha certa
Pra entrar nesse mercado
Por isso a fivela aperta
Mormente nos abastados
Eu também choro pelas ofertas
Que eu enjeitei pelo meu gado
Comigo foi engraçado
Eu gozo em contar
Invés de eu vender meu gado
Desenvolvi a comprar
Se hoje vivo apertado
Tem muito para consolar (MARIANO, s.d., p. 7).
Fontes:
ALVES
SOBRINHO, José. Glossário da poesia
popular. Campina Grande: Editel, UFPB, 1982.
MARIANO, Adolfo. ABC da caída do Zebu. Goiânia: Oriente, [19-]. Disponível em: http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=cordel&pasta=&pesq=ABC%20da%20caida%20do%20Zebu. Data de acesso: 16 jun. 2016.
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