sábado, 25 de abril de 2015

FEIRA DE CORDEL EM FORTALEZA

Cantadores, cordelistas e repentistas da cidade vão animar a Feira de Cordel que acontece no próximo sábado (25/04), a partir das 9h, na Praça General Tibúrcio, mais conhecida como Praça dos Leões, no Centro de Fortaleza. A iniciativa surgiu a partir do Movimento Cultural Domingo na Praça, que busca formas de ocupação da área central da cidade. Com a Feira, os organizadores querem contribuir para a criação e desenvolvimento da literatura de cordel no Ceará.


Foram convidados os cantadores e repentistas Geraldo Amâncio, Atanias Fernando e Zé Maria, além dos declamadores Evaristo, Luca Rocas, Edson Nélio, Paulo de Tarso, Cícero Modeste e Jotabê. Além do encontro de cantores, cordelistas e repentistas da cidade, haverá a venda de cordéis, CDs, livros e DVDs.

O Cordel é de produção típica do Nordeste brasileiro e é bastante popular pela forma escrita rimada e pelas histórias do cotidiano que são impressas em folhetos. E, em Fortaleza, o Cordel vem ocupando os mercados e os equipamentos culturais, levando cultura e arte à população.

A realização do evento é Livraria FT, CCDS, Restaurante Lions, Casa Fora do Eixo Nordeste e Prodisc.

Mais informações pelo fone 85 3262 5011 e nas redes sociais: http://on.fb.me/1HqUyOe e FB/casaforadoeixonordeste

Fonte: Agência da Boa Notícia

Cícero Manoel lança livro em cordel com histórias de Alagoas


Dedicado ao estudo e produção de literatura de cordel desde a infância, o escritor alagoano Cícero Manoel, 24, da cidade de Santana do Mundaú, lançou este mês seu primeiro livro do gênero: 'Versos de um cordelista'.
A coletânea reúne histórias inéditas e algumas já publicadas em folhetos que contam 'causos' do cotidiano do Nordeste.

Responsável pela produção artesanal das histórias, desenhos e livretos, no modelo dos livros de cordel comercializados em feiras livres do Nordeste, Cícero Manoel expõe que a publicação de um livro produzido em uma gráfica é uma oportunidade que poucos cordelistas alcançaram.

“Fazer literatura no Nordeste já exige um grande esforço. E quando a produção se trata de cordel a dedicação precisa ser ainda maior. Principalmente porque depois do avanço da tecnologia a literatura de cordel vem desaparecendo dos espaços públicos que se fazia presente. A exemplo de feiras e praças”, diz.
Segundo ele, para o livro 'Versos de um cordelista' foram reunidas histórias que possuem relação direta com a cultura popular do interior de Alagoas.
“Entre as histórias e 'causos' estão relatos de humor e críticas que fazem um resgate da cultura popular, mostrando um pouco do cotidiano do interior do Nordeste”, completa.

Publicado pela editora Viva, o livro está sendo comercializado no campus V da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), em União dos Palmares.
Escritor
Filho de pai analfabeto e uma mãe que nem ao menos terminou o segundo grau, Cícero Manoel, que atualmente estuda Letras na Uneal, nasceu em Garanhuns, Pernambuco, e foi criado em Santana do Mundaú, Alagoas.

Entre seus principais textos em cordeis estão relatos ficcionais e dramas da vida real, a exemplo do cordel 'A enchente de 2010 e os desastres em Santana do Mundaú', que conta o drama das famílias que enfrentaram a tragédia. Na ficção há histórias de 'causos' como como 'A morte de João Pinguço', 'A mulher que capou o marido', 'O casamento forçado' e até mesmo histórias de romance como 'A romântica história de Tião e Ana Luiza' e 'O romance de Armando e Aline".
Fonte: http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2015/04/escritor-lanca-livro-em-cordel-com-historias-da-cultura-de-alagoas.html 

Exposição "Um Canto, Dois Sertões apresenta uma perspectiva antropológica da obra de Arthur Bispo do Rosário


Fonte: http://www.dgabc.com.br/Noticia/1306067/bispo-do-rosario-entre-seus-dois-universos

Nascimento: Japaratuba, sertão do Sergipe, 1909. Morte: Colônia Juliano Moreira, Jacarepaguá, bairro rural do Rio de Janeiro, 1989. As duas localidades são centrais não só na vida, mas também na produção artística de Arthur Bispo do Rosário. A religiosidade, o folclore, as festas populares, as memórias da vivência juvenil em Sergipe são traços facilmente reconhecíveis nos objetos que ele criou, como se vê na mostra "Um Canto, Dois Sertões", em cartaz no Museu Bispo do Rosário.
O museu fica na antiga colônia para doentes mentais de Jacarepaguá, que abrigou Bispo, diagnosticado esquizofrênico-paranoico, por 50 anos. Para conceber a exposição, uma equipe foi a Japaratuba, a 50 km de Aracaju, e estabeleceu as relações da arte popular local com a poética do artista.
O curador do museu, Ricardo Resende, considera que é a primeira vez que a obra esteja sendo contextualizada para além da condição psíquica de Bispo, em abordagem antropológica que leva em conta as raízes de seu sincretismo religioso e suas obsessões.
São 150 obras que revelam seus dois universos. Logo na entrada, foram dispostos objetos que remetem às festas sergipanas. Um barco de madeira com velas bordadas por Bispo simboliza as cheganças, folguedos dramatizados à beira-mar em que os participantes se vestem como marinheiros.
O ringue de "diversões teatrais", o carrossel, a vida quilombola - descendia de escravos e se acredita que tenha nascido num quilombo - também são vestígios da infância sertaneja. A controvérsia sobre o nascimento de Bispo (cogitava-se 1911, além de 1909) foi esclarecida pela certidão de batismo achada na Igreja de Nossa Senhora da Saúde.
A relação mais direta entre os "dois sertões" se vê no segundo andar, onde foram dispostas lado a lado vestes tradicionais das festas de reis: femininas, ricas em fitas coloridas; masculinas, inspiradas em trajes de marinheiros; os uniformes e o manto bordado à mão por 25 anos com tecidos e linhas de que dispunha. Ele rasgava os panos e puxava os fios, enrolados em carretéis e usados como matéria-prima. Não por acaso, Japaratuba, onde viveu até ingressar na Marinha e vir para o Rio, aos 18 anos, é uma cidade de bordadeiras.
A missão de inventariante de todos os objetos existentes no mundo se revela não só nos tecidos, mas em objetos recobertos e ressignificados por ele: utensílios de cozinha, brinquedos, raquetes. "No início do século 20, as crianças não tinham brinquedos, então ele, como as demais, fabricava objetos para brincar, usando madeira, sabugo de milho", destaca o curador, para quem a mostra traz uma perspectiva diferente sobre Bispo, classificado como o primeiro grande artista contemporâneo brasileiro por especialistas.
"Ele está sempre inserido no contexto da arte contemporânea, mas aqui ressaltamos os aspectos de arte popular. Mas é uma tentativa de releitura, e não a transformação em artesanato. A obra de Bispo já se afirmou o suficiente para que não tenhamos medo disso: pelo contrário, essa leitura a engrandece."
A cela de Bispo na colônia foi recriada poeticamente, com a pesada porta de ferro, a cama diminuta com manta e dossel elaborados por ele, e, projetada na parede, uma visão da Virgem de Laranjeiras, da região de Japaratuba. O celibatário Bispo tinha fixação por virgens. Aparelho de lobotomia e choque, usados até os anos 1960 na colônia, compõem o ambiente.
"Ele subvertia seu papel na colônia: o hospício é o lugar do fraco, da massificação do sujeito, da não-subjetividade. Ele conseguia ajuda das pessoas pelo que criava, embora não fosse visto como arte", diz a diretora Raquel Fernandes, lembrando que a obra, composta por cerca de 800 itens, ainda não ganhou um catálogo raisonné - compilação de todos os trabalhos do artista. O conjunto é de propriedade pública (Bispo não deixou parentes), e ainda será catalogada.
Cinquenta obras de dez artistas contemporâneos convidados suscitam novas discussões. A instalação sonora de Felipe Julian e Sandra Ximenez transmite a leitura de escritos de Bispo, que, misturadas ao som ambiente dos pavilhões, das áreas externas da colônia e das festas de sua terra, provocam a sensação de se ouvir vozes tumultuadas, característica da condição de Bispo.
Os desenhos propostos pela mineira Marta Neves fazem ponte ainda mais direta entre as duas realidades: ela pediu a moradores da colônia que imaginassem Japaratuba e a habitantes da cidade que pintassem Jacarepaguá. São paisagens inventadas por pessoas que não conhecem os locais retratados, e que veem em Bispo um elo entre os dois.
Ligado à Secretaria Municipal de Saúde, sem orçamento próprio, o museu é desconhecido. Fica a 30 quilômetros do centro e não tem programação regular voltada a divulgar a obra que guarda. Hoje com perfil de casa de repouso para idosos, a colônia, ou Instituto Municipal de Assistência à Saúde, tem 300 moradores remanescentes do manicômio, e está fazendo 90 anos. "Temos buscado ampliar o alcance da obra, é uma missão fazer que o museu seja conhecido e frequentado. A zona oeste é quase um deserto de equipamentos culturais, mesmo sendo a região mais populosa do Rio", disse a diretora.
"A ideia é focar no Bispo. Quem vai sair do centro para vir a Jacarepaguá para ver um Ernesto Neto, que pode encontrar no Museu de Arte Moderna?", provoca Resende, para quem Bispo é artista em alta. Este ano, o museu atendeu a pedidos de empréstimos para instituições brasileiras e de Nova York, Barcelona e México. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
UM CANTO, DOIS SERTÕES: BISPO DE ROSÁRIO
A exposição ficará em cartaz até o dia 3 de outubro, no Museu Bispo do Rosário (Estrada Rodrigues Caldas, 3.400, Colônia Juliano Moreira, Jacarepaguá, (21) 3432-2402). De 3ª a dom., das 10h às 17h. Grátis. Até 3/10