sábado, 23 de outubro de 2010

1º Seminário do Pavilhão das Culturas Brasileiras acontece em São Paulo

Entre os dias 4 e 6 de novembro, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico, realiza o 1º Seminário do Pavilhão das Culturas Brasileiras. O novo espaço que ocupa o antigo Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira no Parque Ibirapuera, pretende legitimar, fortalecer e dar a conhecer as culturas do povo brasileiro e também dar visibilidade para coleções pertencentes à Prefeitura de São Paulo, como a resultante da Missão de Pesquisas Folclóricas empreendida em 1938 – idealizada pelo então secretário de Cultura Mário de Andrade – e a reunida por Rossini Tavares de Lima na constituição do Museu do Folclore.

A concepção da nova instituição é apresentada com a exposição de lançamento Puras Misturas, aberta em 11 de abril de 2010. Sob a curadoria geral de Adélia Borges, também responsável pela coordenação da elaboração da proposta conceitual do Pavilhão, a mostra tem como intenção celebrar a diversidade e riqueza da cultura brasileira, além dos diálogos existentes e possíveis entre as culturas consideradas populares ou tradicionais e as chamadas culturas eruditas.

A temática do Seminário está centrada em pontos que também permearam o trabalho de Lélia Coelho Frota, ou seja, pensar o artista popular como sujeito de sua arte; refletir sobre preservação; diálogos entre tradicional e contemporâneo; fronteiras entre popular e erudito; o mercado e patrimônio; formas de convívio entre diferentes culturas.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

Quinta-feira, 4 de novembro

18h - Mesa de abertura e homenagem à antropóloga e curadora de arte Lélia Coelho Frota, falecida em maio deste ano. Composição: Carlos Augusto Calil, secretário municipal de Cultura; Adélia Borges, responsável pela elaboração do projeto do Pavilhão das Culturas Brasileiras; Rafael Cardoso, historiador da Pontifícia Universidade Católica-Rio e Marina de Mello e Souza, professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo e especialista em Cultura Popular; Alberto Vasconcelos da Costa e Silva, diplomata, poeta, ensaísta, memorialista, historiador, africanólogo e membro da Academia Brasileira de Letras; e João Emanuel Carneiro, dramaturgo e roteirista de cinema e televisão.

Outros convidados para depoimentos sobre o trabalho da homenageada: Ricardo Gomes Lima, pesquisador do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e diretor do Departamento Cultural da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, José Alberto Nemer, artista plástico e curador, e Vilma Eid, presidente do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro.

19h30 às 21h30
Lançamento do livro “Pavilhão das Culturas Brasileiras – Puras Misturas”- Organização Adélia Borges e Cristiana Barreto – Editora Terceiro Nome.

Seção de autógrafos com coquetel e apresentação musical.

Sexta-feira, 5 de novembro

17h -Visita à exposição Puras Misturas com acompanhamento dos curadores.

18h às 19h45 - apresentação da proposta para o Pavilhão das Culturas Brasileiras.
Com Walter Pires, diretor do Departamento do Patrimônio Histórico; Adélia Borges, curadora da exposição Puras Misturas e do projeto do Pavilhão; Cristiana Barreto, curadora-adjunta da exposição Puras Misturas; Marcelo Manzatti, antropólogo, atua na rede de cultura popular.

20h às 22h - discussão pública do Projeto do Pavilhão das Culturas Brasileiras.
Com Aracy Amaral, curadora e crítica de arte; Américo Córdula, secretário da Identidade e da Diversidade Cultural/MinC; Eleilson Leite coordenador do Programa de Cultura da Ong Ação Educativa; Maureen Bisilliat, fotógrafa e diretora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; e Ricardo Gomes Lima, pesquisador do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e diretor do Departamento Cultural da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; entre outros a confirmar.
A discussão é aberta a todos os interessados.

Sábado, 6 de novembro

Mesa 1 – 09h às 11h10 – Tema: Cultura Popular Hoje - O reconhecimento das inúmeras culturas coexistindo no Brasil e em quase todas as nações do mundo suscita não apenas a celebração da diversidade, mas a reflexão sobre as novas configurações da chamada Cultura Popular.
Com Eduardo Subirats, professor da New York University. Investiga sobre modernidade, estética de vanguardas, crise da filosofia contemporânea e colonização da América; Héctor Ariel Olmos, professor de Letras pela Universidade de Buenos Aires. Trabalhou como subsecretário de Cultura da cidade de Buenos Aires. É encarregado do módulo de Elementos de Gestão e Política Cultural no Programa de Capacitação da Secretaria de Cultura da Nação e na Fundação Ortega y Gasset da Argentina, da cátedra virtual As identidades nacionais e a cidadania cultural na Universidade Tres de Febrero e Legislação e Comercialização do Patrimônio Cultural no Instituto Universitário Nacional de Arte, onde é também Secretário Acadêmico da Área Transdepartamental de Folclore; Alberto Ikeda, professor da UNESP, etnomusicólogo. Pesquisa sobre Cultura Popular.; Maria Celeste Mira, antropóloga e professora da PUC-SP. Realizou um mapeamento sobre as práticas contemporâneas na cidade de São Paulo a partir de manifestações culturais tradicionais. Pesquisa atual: “A cultura popular tradicional em São Paulo na era do entretenimento”.

Abertura para perguntas do público

Mesa 2 - 11h30 às 13h30 – Tema: As Culturas do Povo nos museus e exposições.
No contexto do reconhecimento da diversidade cultural como passo para a ocupação igualitária das artes produzidas por todos os representantes dos diferentes povos integrantes de países como o Brasil, as instituições responsáveis pela guarda de acervos da cultura popular também passam por um período de reflexão e talvez de redefinição de suas estratégias de salvaguarda. As apresentações pretendem contribuir para essa reflexão na adoção de novas práticas e linhas de pesquisa.
Com Luíz Fernando de Almeida presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN; Claudia Márcia Ferreira, diretora do Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular – Sala do Artísta Popular – RJ; Lux Vidal, professora emérita da Universidade de São Paulo, integra o conselho Diretor do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – IEPÉ e curadora do Museu Kuahi; Dodôra Guimarães – Fortaleza, Ceará – Pesquisadora e curadora.

13h30 às 15h
Encerramento e lançamento dos livros:
- Nem é erudito Nem é popular – Bené Fonteles;
- Objetos: Percursos e Escritas Culturais - Ricardo Gomes Lima

Lançamento da coleção "Palavra Rimada com Imagem"



A Escritora e ilustradora Rosinha Queiroz lança coleção inspirada na literatura de cordel.
Depois de muitos anos trabalhando como ilustradora e escritora, Rosinha Queiroz passou a observar o uso de figuras de cordel nas ilustrações de livros infantis. A escritora passou a ter um olhar crítico sobre essas imagens: "Quando ia ver, as histórias não tinham nada a ver com o cordel. Comecei a achar que o cordel originial devia chegar às crianças", recorda Rosinha.

Passados dez anos, Rosinha Queiroz iniciou o projeto Palavra Rimada com Imagem, com o lançamento dos títulos A história da garça encantada, A história da princesa do Reino da Pedra Fina e A história de Juvenal e o Dragão, todos baseados em folhetos do cordelista Leandro Gomes de Barros.

"Leandro criava suas histórias com a estrutura de contos de fada e foi essa literatura que eu quis levar para as crianças", conta a ilustradora. Para alcançar público infantil, Rosinha recontou as histórias através de frases pequenas e diretas para compor o enredo em cerca de 12 cenas. "Foi dificílimo, porque os cordéis de Leandro são longos e eu tinha a preocupação de não perder o fio narrativo dele", explica.

Cada edição vem acompanhada dos respectivos folhetos originais do poeta paraibano. "Os livros são um caminho para se chegar à literatura de cordel. Eles funcionam tanto para as crianças como para os adultos, que vão poder ler os folhetos para seus filhos", observa a ilustradora.

A autora também mergulhou não só no texto do cordel no universo imagético da xilogravura. As imagens foram produziras em matrizes de madeira, com desenhos da própria Rosinha e colaboração no talhe de Davi Teixeira e Meca Moreno. Posteriormente as imagens foram fotografadas e, em seguida, manipuladas em computador. "Queria dar um contraste entre a madeira e as cores do computador", revela a ilustradora.

Relatório da ONU em formado de cordel



A cidade de Barbalha (CE) recebeu, entre os dias 16 e 17 de outubro, um grupo de cordelistas vindos de diversas cidades para a oficina sobre valores humanos e desenvolvimento promovida pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento - PNUD. Os artistas receberam as informações do PNUD e produzirão, em formato de cordel, o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil (RDH) 2009/2010.

Valores humanos é o tema do relatório nacional, que, de forma inédita, consultou 500 mil pessoas por meio da pergunta "O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?". O assunto engloba conceitos como compreensão, respeito, responsabilidade e tolerância.

Segundo Flavio Comim, coordenador do RDH do país, o formato foi escolhido por ser um instrumento popular que utiliza uma linguagem convidativa às pessoas e propicia uma leitura rápida.

15 cordelistas foram selecionados a partir de sua produção artística. Outros 13 cordelistas foram convidados pela Prefeitura de Barbalha para participarem da oficina coletiva que resultou na produção de diversos cordéis.

Esta iniciativa da ONU é inédita e trará uma visibilidade ímpar ao cordel.
Estamos aguardando, com ansiedade, o resultado deste relatório da ONU que, certamente, pelo uso da linguagem do cordel, estará acessível a um número bem maior de pessoas.