ABRAÃO
BEZERRA BATISTA (Juazeiro do Norte, Ceará, 4/4/1935). Cordelista,
xilógrafo, biólogo, professor aposentado da Universidade Regional do Cariri
(URCA). Reside até hoje em Juazeiro do Norte e continua em plena atividade, aos
81 anos. Publicou seu primeiro folheto em 1968, intitulado “Primeira entrevista de um repórter de
Juazeiro do Norte com 44 Santos cassados”. Escreveu centenas de folhetos
sobre a história da cidade de Juazeiro do Norte, sobre o cangaço, sobre a
política nacional e local. Além destas temáticas escreveu também dezenas de
folhetos de histórias ficcionais, próximas do gênero do realismo fantástico. Participou
de inúmeras exposições como xilógrafo em galerias e museus em todo o país. Um
dos autores da literatura de cordel com maior número de títulos publicados no
Brasil. Sobre Abraão Batista já foram publicados inúmeros artigos de jornais -
escritos por pesquisadores da literatura de cordel, da xilogravura e por
jornalistas. Algumas entrevistas e documentários estão disponíveis na internet,
onde é possível ter uma perspectiva de seu trabalho e de seu processo criativo.
Em 1984, durante sua gestão como secretário de cultura de Juazeiro do Norte,
participou ativamente da criação do Centro de Cultura Popular Mestre Noza para
abrigar a produção artística e artesanal da Associação de Artesãos do Padre
Cícero. Além de autor de folhetos, Abraão Batista também se notabilizou como
importante xilógrafo, tendo ilustrado centenas de folhetos de sua autoria e
emprestado seu traço artístico para ilustrar poemas de outros autores
brasileiros. Sua virtuose como xilógrafo se tornou reconhecida no âmbito da
arte plástica, tendo participado de diversas exposições em galerias e museus. No
artigo intitulado A gravura
matuto-barroca da terra do Padre Cícero, publicado em 1981, o pesquisador e
colecionador Jeová Franklin (1941-2013), divide a xilogravura popular em duas
“escolas” distintas: a “Escola de
Juazeiro”, que teria como principais representantes, além de Abraão
Batista, Walderêdo Gonçalves, Mestre Noza e Stênio Diniz e a “Escola de
Caruaru”, cujos representantes são Dila, J. Borges, José Costa Leite e
Francisco Amaro. No artigo A via sagra da
gravura sertaneja, publicado em 1981, Jeová Franklin afirma o seguinte: “depois
de um período de apogeu como elemento de ilustração das capas de cordel (décadas
de 30 e 40) a xilogravura começou a passar por uma fase de rejeição de seu público
tradicional (Nordeste rural) chegando a ser vista como atividade em extinção. Mas
com ajuda estrangeira ela reagiu, se impôs como meio de expressão, e agora chega
a disputar espaço físico com o televisor em casas de classe média de Olinda e Recife,
preenchendo como símbolo de bom gosto e de autenticidade cultural o vazio deixado
pelo meio eletrônico” (p.41). A produção de gravuras de Abraão Batista se inicia
justamente no momento (final da década de 1960) em que esta arte plástica passa
a obter o interesse de pesquisadores e colecionadores, além de galeristas e críticos
de arte brasileiros e extrangeiros.
Fontes:
FRANKLIN, Jeová. A gravura matuto-barroca da
terra de Padre Cícero. O povo,
Fortaleza, 09.07.1981.
FRANKLIN, Jeová. A via sagra da gravura sertaneja. Revista Interior, v. 7, nº 39, Brasília,
jul-ago, 1981, p. 40-41.
FRANKLIN, Jeová. Xilogravura popular na literatura de cordel.
Brasília: Lge Editora, 2007.
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