Em 1921, quando o comerciante Plácido de Carvalho ergueu um castelo em plena Fortaleza para trazer da Itália sua amada Pierina, não imaginava o destino de sua declaração de amor: a filha Zaíra, que não chegou a habitar a majestosa construção, acabou por vendê-la na década de 1960 a um grupo comercial cuja intenção era erguer um supermercado. A demolição foi feita, mas o empreendimento, jamais. Endividado, esse grupo entregou o terreno ao Estado. Em 1979, a primeira-dama Luíza Távora aproveitou o local para construir a Central de Artesanato do Ceará, a Ceart.
No último dia 14, a praça foi reinaugurada. Passou por uma recauchutagem geral, ganhou fonte interativa, música clássica ambiente, café dentro do vagão que ali repousa e muitos novos frequentadores. “O artesanato cearense tem agora um lugar extremamente agradável para sua comercialização. Com a reinauguração, nós ganhamos muito em vendas”, conta Amanaci Diógenes, a coordenadora de desenvolvimento do artesanato e economia solidária.
Na Ceart, artesão e loja trabalham com a filosofia do mercado justo. “A Ceart não visa lucro. A gente paga o preço justo para o artesão e agrega à peça os custos de comercialização, de embalagem. A estrutura é mantida pelo Governo do Estado. O recurso da venda vai para o Fundo Estadual para Desenvolvimento do Artesanato, que paga a peça que a gente compra do artesão. É como um capital de giro das sete lojas do Estado”, explica.
Engana-se quem acha que o trabalho da Central é voltado para o turista. Uma das bandeiras da Ceart é a divulgação do artesanato cearense entre os próprios cearenses. “A gente mudou o conceito de comercialização para fazer o cearense entender que pode usar o artesanato na casa dele, não só na varanda da casa de praia. Ele tem valor e vai deixar sua casa e o seu escritório com muito mais requinte”. Hoje são 16 ambientes montados na Ceart da praça Luíza Távora.
Mas, afinal, qual o grande diferencial do artesanato da Ceart? Amanaci explica: “Existe uma diferença entre artesanato e trabalho manual. Nós trabalhamos com foco no viés cultural, aquele que retrata nossas tradições, que as pessoas se veem nele. Isso eleva o valor agregado do produto. A gente analisa também a qualidade do produto, se ele é inovador. Não existem marchands para o artesanato, existem curadores. Do nosso ponto de vista, quanto mais tradicional e cultural for essa peça, mais valor ela tem”. Aí é você que escolhe: que tal uma boneca de barro, toda colorida, por R$ 12,90, ou uma linda escultura de arte popular em madeira por mais de R$ 400? “Artesanato é arte. É arte e é cultura, geração de trabalho e renda, valorização das nossas tradições, uma soma de tudo isso”, finaliza.
Um comentário:
Querida Rosilene,
Seu trabalho na divulgação das atividade da cultura popular, sejam elas artesnais, literárias ou de manifestações dos fazeres de um povo, é muito relevante. Estou sempre obtendo boas informações e grandes fontes para minhas pesquisas, aqui no PALAVRA CULTURA. Obrigada por nos brindar com tantas informações de relevo nacional.
Beijinhos,
Rosário
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