Uma jornada sertão adentro, registrando imagens, histórias e sons da tradição que atravessam os séculos e resistem na contemporaneidade, graças aos mestres, que constroem e tocam seu instrumento, a rabeca. Essa foi a trilha – percorrida e ouvida desde 2003 – pelo fotógrafo Francisco Sousa e o curador Gilmar de Carvalho, que deu origem à exposição “Rabecas: Luteria e Performance”, com abertura no dia 10 de fevereiro, quinta-feira, às 17 horas, no Espaço Cultural Correios de Fortaleza, na Rua Senador Alencar, Centro.
A minuciosa pesquisa já rendeu o belo livro “Rabecas do Ceará” (Expressão Gráfica, Fortaleza, CE), publicado juntamente com um CD, uma verdadeira bíblia desta manifestação popular, pela abrangência e rigor dos mais de 100 registros.
Das páginas do livro para a galeria, o projeto contemplado pelo Edital dos Correios, poderá ser apreciado pelo público até o dia 26 de março. As imagens revelam o mundo sagrado da tradição. Da construção do instrumento à execução, a performance.
Francisco Sousa desvenda esse ícone do nordeste com respeito e amor. Ele registrou tudo: o modo de fazer, de tocar, as histórias de vida, os gestos, a madeira que se transforma, as mãos sempre calejadas de quem faz e executa.
Há desde a rabeca mais conhecida – que se assemelha ao formato do violino – aos instrumentos construídos com a criatividade do luthier, que lembram um alaúde, em cores inusitadas, como o azul (foto que ilustra o convite e catálogo da exposição).
Como diz Gilmar de Carvalho na apresentação da mostra, o trabalho de Francisco Sousa “emociona como registro de uma manifestação cultural que se transforma para permanecer”. A exposição nos transporta às imagens comoventes da “luteria” destes músicos-artesãos. Como explica o curador, “não há uma receita para se fazer uma rabeca”. Em cumplicidade com a natureza, os rabequeiros “fazem um dueto com os pássaros, com a água flui e com o vento que sopra”, utilizando o material que está ao seu alcance – talos de carnaúba, latas, canos de PVC, madeiras como pinho e umburana.
Animando as festas e “subvertendo o cotidiano do trabalho”, na observação de Gilmar, os rabequeiros, redescobertos pelo público mais jovem e informado, a partir de sua apropriação pela música pop brasileira nos últimos anos, seguem entoando valsas, marchas, xotes, baião e rock and roll.
O visitante vai se deparar com rabequeiros e luthiers oriundos dos Inhamuns a Ibiapaba, do Cariri ao Sertão do Canindé, do Vale do Jaguaribe ao Sertão Central, embalados aos sons que “preenchem o oco do mundo”.
Sobre o curador
Gilmar de Carvalho nasceu em Sobral (CE), em 1949. Jornalista, formado pelo Curso de Comunicação da UFC, em 1972. Publicou livros de ficção e teve quatro textos teatrais montados pelo Grupo Balaio. Ingressou no magistério superior em 1984, na UFC, aposentando-se em 2010. Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (1991) e Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC- São Paulo (1998). Ganhou os prêmios Érico Vanucci Mendes (CNPq) e Sílvio Romero (Funarte), em 1999. Tem muitos livros publicados e artigos em revistas acadêmicas do Brasil e do exterior. Seu campo de interesse é o das relações entre a Comunicação e a Cultura.
Serviço
Onde
Espaço Cultural Correios, Rua Senador Alencar, 38 – Centro – Fortaleza – CE
Tel: (85) 3255 7260
Quando
De 10 de fevereiro a 26 de março de 2011
De segunda a sexta das 8h às 17h
Sábado das 8h às 12h
Realização
Espaço Cultural Correios e Brazilbizz
Patrocínio
Correios
Mais informações e agendamento de entrevistas
Brazilbizz Comunicação
Leo Porto e Maira Sales
Tel. [85] 3067.7243 | [85] 8667-0007 | [85] 9937.2776
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