sábado, 18 de dezembro de 2010

Pesquisa sobre José Alves Sobrinho ganha prêmio do Ministério da Cultura

O Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel - Edição Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura (MINC), reservou uma grata surpresa a uma docente da UEPB. Lotada na Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PRPGP) da Instituição, a professora convidada Joseilda de Sousa Diniz, foi uma das escolhidas na categoria Pesquisa. Joseilda ganhou o prêmio com a tese intitulada “José Alves Sobrinho: un poète entre deux mondes/José Alves Sobrinho: um poeta entre dois mundos”, sob orientação da professora Ria Lemaire da Université de Poitiers, cuja defesa foi realizada em outubro de 2009, na Universidade de Poitiers, na França.

A tese conta a história de um expoente da cantoria das décadas de 1930 a 1960. Trata-se de um trabalho científico bio-bibliográfico de um dos maiores poetas populares do século XX no Nordeste do Brasil: José Alves Sobrinho, nascido em 1921. “O estudo descreve essa trajetória excepcional de um poeta que vai viver toda a sua existência entre dois mundos, o da oralidade e o da escrita; o da poesia, a palavra rítmica, improvisada e eternamente em movência, transmitida de boca a ouvido e acreditada pelo público ouvinte e o da letra, a palavra poética elaborada para ser escrita, fixada no papel, condenada a uma procura sem fim de hipotéticos leitores”, comentou a pesquisadora.

Segundo Joseilda, a conquista do prêmio vem destacar não somente a importância da obra de José Alves Sobrinho no contexto da Cantoria e do Cordel, como também a necessidade urgente de novas políticas culturais que dinamizem a produção e disponibilizem a comunidade o acervo de cordéis da Biblioteca Átila Almeida da UEPB, na qual a docente efetua suas pesquisas e que foi construída, inclusive, numa parceria intensiva do professor Átila com o poeta José Alves Sobrinho. O prêmio coloca a Paraíba mais uma vez no mapa dos estudos sobre a poesia oral, destacando não só o trabalho da professora Joseilda, mas a UEPB e os poetas paraibanos, em especial, José Alves.

José Alves Sobrinho por Joseilda de Sousa Diniz

Poeta, cantador, improvisador, violeiro, nômade e autodidata, Sobrinho perdeu, no auge da carreira, a sua voz magnífica; tornou-se pesquisador em tradições populares e terminou a carreira como docente e pesquisador da Faculdade de Letras da Universidade Federal da Paraíba, hoje UFCG.

O bardo enveredou na pesquisa científica ao lado do professor Horácio de Almeida e do seu filho, Átila Almeida. Com esse último, escreveu a quatro mãos, obras determinantes para a compreensão da poesia popular e do imaginário do nosso povo e da nossa terra, em uma época onde as novas tecnologias da comunicação e da informação estavam em plena mudança. A presença de Sobrinho na coleção de Átila de Almeida é marcante, mostrando o fôlego de um grande mestre, pesquisador minucioso e competente, numa parceria feliz, feita de empatia e respeito mútuos. O autodidata e o intelectual vão juntos traçar muitos e significativos caminhos da pesquisa sobre as tradições orais, nas suas transições do mundo da oralidade para a escrita.

José Alves Sobrinho contribuiu de modo decisivo na constituição do que representa na atualidade o patrimônio de cordéis e de manuscritos da Biblioteca Átila Almeida, um dos acervos mais significativos pertencente a uma instituição pública, representando hoje para a comunidade acadêmico-científica, local, nacional e internacional, uma referência.

Para ver todos os ganhadores, confira os links: http://palavracultura.blogspot.com/2010/12/classificados-criacao-e-producao.html e http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=14/12/2010&jornal=3&pagina=18&totalArquivos=280.

Políticas públicas de cultura

O Edital vem demonstrar também a importância das políticas públicas culturais voltadas para o campo das Poéticas das Vozes (poesia oral), bem como a diligência dos órgãos governamentais em colocar a poesia e o imaginário popular no centro de suas preocupações. Para a categoria de Pesquisa (dissertações de mestrado, teses de doutorado ou reedição de livros), foram contempladas dez iniciativas, no valor de R$ 25 mil cada.

Segundo Joseilda, este ano, o prêmio vem ressaltar “a importância da Literatura de Cordel como patrimônio imaterial brasileiro, entendendo sua unicidade e papel fundamental na construção da identidade e da diversidade cultural do país.” Assim, R$3 milhões foram disponibilizados pelo MINC, com o objetivo de incentivar iniciativas vinculadas à criação, produção, pesquisa, formação e difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins.

A criação, pela UNESCO, em 2001, do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, representou um passo fundamental em direção a uma visão diferente, muito mais positiva, das tradições orais e populares.

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