quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

VI Festival Internacional de Trovadores e repentistas de Limoeiro do Norte

De 15 a 18 de dezembro, em Limoeiro do Norte, Ceará, acontece o VI FESTIVAL INTERNACIONAL DE TROVADORES E REPENTISTAS, um grande encontro de poesia popular nacional e internacional. Pela manhã haverá o seminário Um Olhar Contemporâneo sobre a Cultura Popular. À noite, os sons das violas, das cantorias e dos repentes vão entoar na Praça da Matriz. No total, serão 26 duplas de cantadores e cinco declamadores. Após as apresentações dos trovadores e repentistas, shows de nove atrações musicais convidadas: a fadista Cristina Maria (Portugal), Italo & Renno (CE), Betinho Aguiar (CE), Som das Carnaubeiras (CE), Cacimba de Aluá (CE), Batuta Nordestina (CE), Quinteto Violado (PE), Khalil Gibran (CE) e Chico César (PB).

A realização é do Instituto Internacional de Artes e Cantorias (Intercanto), sob a coordenação do cantador repentista Geraldo Amâncio, que durante o festival lança o livro A História de Antônio Conselheiro. Nos quatro dias haverá ainda uma feira dos trovadores e repentistas na Praça da Matriz. Toda a programação é gratuita.


As atrações musicais

As duplas de cantadores são as grandes atrações do festival, despertando a atenção do público de todas as idades, que ouve atento as cantorias e repentes destes artistas populares do Ceará e outros estados. Nesta edição, depois deles, sobem ao palco músicos convidados com shows de fado, forró tradicional e música popular brasileira. Estas são alguns nomes do festival este ano:

A fadista Cristina Maria é integrante da nova geração de intérpretes portugueses. Com seu timbre espesso, sensual, carregado de emoção autêntica, é capaz de ora murmurar em tom de confissão e ora clamar mágoas apaixonadas, onde não se vê nenhum artifício interpretativo. Cristina Maria é também flautista, clarinetista e escultora. Como intérprete, fez parte de alguns grupos de música popular e étnica, passando também por bandas de pop e rock. Mas o fado mostrou-se mais forte, tanto na música, como nos poemas, na sua interpretação e nos seus sentimentos. Há cinco anos canta fado nos palcos de Portugal e de países como Itália, Grécia, França, Suíça, Alemanha, Holanda, Açores e Montenegro, onde seu concerto foi considerado o melhor do Fado Fest em 2009. Ano passado lançou seu primeiro CD, que tem como título O Outro Lado, e já está gravando o segundo disco. Os dois trabalhos têm a produção de Custódio Castelo, que acompanha a fadista no show com sua guitarra portuguesa. Também no palco, Carlos Garcia (violão).

De Pernambuco o festival recebe o Quinteto Violado, grupo surgido em 1971 traçando um novo caminho para a MPB, com uma proposta fundamentada nos elementos musicais da cultura regional, através de trabalhos de pesquisa e da própria vivência de cada um dos seus integrantes, originários da região Nordeste do Brasil. O grupo criou uma nova concepção musical, cujo traço fundamental é a interação entre o erudito e o popular, sem desfiguração, reafirmando a ideia de que toda arte é sempre a universalização do popular. Ao longo desses quase 40 anos de carreira, o grupo tem no currículo incontáveis shows, quase 50 discos, participação em festivais e excursões internacionais.

Um dos grandes nomes da música brasileira, o cantor e compositor paraibano Chico César leva ao festival o show Francisco Forró y Frevo, título de seu novo CD. O músico mergulhou no espírito duas principais festas populares nordestinas (o carnaval e os festejos juninos) para criar um disco alegre em que o foco encontra-se na força dos ritmos que animam essas festas: o frevo e o forró. E ainda no diálogo que esses ritmos têm naturalmente com bits universais. Por exemplo: o xote com o reggae, o frevo e o arrasta-pé com o ska.

O rock popular brasileiro marca o trabalho do cantor e compositor Khalil Gibran, nascido em Limoeiro do Norte, com dez anos de trabalho profissional na música, já tendo tocado nos mais diversos palcos no interior cearense e em Fortaleza, como Centro Dragão do Mar e Centro Cultural Banco do Nordeste. Em breve lançará Noturno, seu primeiro CD, produzido pelo guitarrista cearense Mimi Rocha. O disco foi mixado e masterizado no Rio de Janeiro pelo renomado técnico Marcos Caminha, que já trabalhou com Roberto Carlos, Tim Maia, Cazuza, Frejat, Barão Vermelho, Jorge Vercilo, Lobão, Fagner, José Augusto e Martinho da Vila, com quem ganhou um Grammy Latino.

Em Noturno, Khalil Gibran desvenda um universo lírico e desiludido, com letras e arranjos que nascem sob o signo do novo. Suas canções trazem originalidade e qualidade estética. No palco do festival, apresenta um show autoral, que conta ainda com releituras de outros compositores, levando o público ao universo das noites urbanas. Será acompanhado por Mimi Rocha (guitarra, violão e direção musical), Jotapê (baixo), Erlon Robson (teclado) e Chicão (bateria).

Os jovens multi-instrumentistas cearenses Italo e Renno são dois legítimos representantes da nova geração de músicos que tecem um novo painel para a arte musical do Brasil. Acordeonistas, pianistas, arranjadores, intérpretes e compositores de mão cheia, eles exemplificam bem os méritos desse novo pessoal que bate à porta, com idéias arejadas e sem medo de mostrar a cara.

Xote, xaxado, baião, maracatu, toada, galope, desafio, coco, ciranda, benditos e bois marcam o trabalho da Batuta Nordestina, que faz um verdadeiro painel da cultura da região. Fundado em março de 2007, o grupo reúne entre seus integrantes poetas populares, repentistas, folcloristas, compositores e arte educadores. São eles: Zé Maria de Fortaleza, Tião Simpatia, Rozamato, Jonathan Rogério, Tony Abreu e Marcelo 21. Os batutenses são artistas com trabalhos próprios que resolveram se juntar com objetivo de lutar pelo resgate, preservação e divulgação das raízes nordestinas. Recentemente, o grupo estreou um novo show, Batuta em Ritmo de Cantoria. A estreia, com casa lotada, foi no teatro SESC Emiliano Queiroz, em Fortaleza, no projeto Noite de Violas. O realizador, Orlando Queiroz, declarou que nunca uma atração do projeto arrancou tanto aplauso da plateia.

Cacimba de Aluá é um grupo de forró pé-de-serra que tem como objetivo valorizar, preservar, difundir a autêntica música popular nordestina e fazer o povo dançar, cantar, sorrir e suar, ao soar da sanfona, do tililim do triângulo e do tum, tum, tum, do zabumba e do nosso coração. É formado por músicos que cantam e tocam com sentimento e que têm o consentimento de nos emocionar. A escolha do repertório foi um verdadeiro garimpo nas terras férteis da música nordestina, sem dificuldade alguma e com um prazer imenso, o grupo mergulhou nas cacimbas musicais adoçadas por verdadeiras poesias do cancioneiro popular, trazendo à luz dos salões e aos nossos ouvidos agradecidos, o puro forró, misturando, com sabedoria, o passado e o presente num verdadeiro presente musical.

Som das Carnaubeiras é uma banda de música brasileira, autoral e independente que desenvolve seu trabalho a partir dos elementos culturais de raízes nordestinas. Os integrantes são jovens que desde 2002 vêm trilhando suas histórias de vida na música, com formação no Ponto de Cultura Som das Carnaubeiras. O grupo leva para o palco um conjunto de elementos que remetem ao universo do povo nordestino, sendo estes vistos e apreciados pelo público, não só através da música e da sonoridade, mas também pela forma cênica, teatral e de dança que dá corpo ao show.

Influenciados principalmente por mestres como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, dentre tantos outros, o grupo une essas influências ao contexto moderno em que vive com a pluralidade da música brasileira. Em 2005 iniciou uma maratona de shows em todo o país o que o levou a grandes palcos e eventos. Em 2009 o grupo deu uma parada em seus trabalhos, até retornar agora com nova formação. O show de estreia será no VI Festival Internacional de Trovadores e Repentistas. No repertório, além de músicas do grupo, composições de artistas cearenses, passeando entre a loa do maracatu ao blues, passando pelo coco, xote, baião, ciranda, aboios dentre outros ritmos.

Betinho Aguiar aprendeu a tocar sozinho. Fez seus primeiros acordes no violão aos sete anos, quando também ganhou seu primeiro concurso. Daí não parou mais. Participou de programas como Raul Gil, Tom Cavalcante, Faustão, Eliana e Gugu Liberato, onde ganhou vários prêmios. A música Menino de Rua estourou em todo o Brasil e não faltaram convites para este jovem talento. Betinho Aguiar já cantou ao lado de Zezé di Camargo, Leonardo, Bruno & Marrone, Fabio Jr., Agnaldo Timóteo, Raimundo Fagner, Dorgival Dantas, Waldonys, dentre outros.

Histórico do Festival

Lançado em 2005, o festival teve as duas primeiras edições simultaneamente em Quixadá e Quixeramobim. Em 2007 seguiu para Senador Pompeu e Farias Brito e, desde 2008, acontece em Limoeiro do Norte, presenteando os moradores da região do Baixo Jaguaribe com a riqueza destas artes populares, contribuindo para a valorização, fortalecimento e preservação das culturas populares regionais tradicionais.

Idealizado pelo cineasta Rosemberg Cariry, o Festival Internacional de Trovadores e Repentistas defende a diversidade e a reciprocidade, e propõe o verdadeiro e benéfico significado da palavra universalização: o eterno reencontro dos homens e suas aldeias com as suas raízes universais. A cantoria, segundo Cariry influi em diversos gêneros da poética popular do Nordeste, que tem em comum a herança multissecular dos cantadores, elementos determinantes na preservação das tradições culturais de todos os povos do mundo. Tal estilo poético influenciou de forma determinante o lirismo difundido pelos portugueses ao chegarem ao país no século XVI.

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