A Caixa Econômica Federal apresenta, de 04/09 a 17/10, a exposição Xilogravuras de João Pedro do Juazeiro, na CAIXA Culturas São Paulo, com entrada franca. É a primeira mostra individual do artista cearense na capital paulista, e traz 47 xilogravuras coloridas. Com temas que passam religiosidade popular, a vida no sertão, a natureza, otrabalho, as festas e a figura do poeta Patativa do Assaré.
Na opinião de Gilmar de Carvalho, um dos maiores especialistas em cultura popular do país e curador da mostra, o artista João Pedro Carvalho Neto – o João Pedro do Juazeiro – é “um dos mais expressivos xilógrafos brasileiros de extração popular”.
Nascido em 1964, em Ipaumirim, interior do Ceará, o artista começouescrevendo literatura de cordel, nos anos 90 e, em seguida, passou a cortar as capas dos folhetos que publicava. Com o aperfeiçoamento de sua técnica, produziu xilogravuras de maiores formatos e álbuns temáticos.
Segundo Gilmar de Carvalho, o uso da cor, nos trabalhos mais recentes, resultou em um eficiente salto de qualidade. Para ele, João Pedro é, ao mesmo tempo, renovador e seguidor da tradição dos artistas do cordel e da xilogravura, originária dos polos produtores de João Pessoa, Recife e Juazeiro do Norte. Uma tradição que nos deu nomes como Mestre Noza, Walderêdo Gonçalves, Antônio Batista, Stênio Diniz, Abraão Batista e nos dá, contemporaneamente, José Lourenço, Francorli e Nilo, dentre outros nomes expressivos, e presentes nas mostras e eventos ligados às artes em todo o Brasil.
João Pedro do Juazeiro bebe dessa fonte inesgotável de fé, trabalho, festa e ecologia, criando trabalhos desde o início desta década. Faz xilogravuras de grandes formatos e com utilização da cor, o que dá às suas obras uma alegria e um aspecto de festa. “Pode-se pensar que sua obra, despretenciosa e sem pedantismos, dialoga com os azuis de Marc Chagall, com as bandeirinhas de Alfredo Volpi e com outros momentos das artes de todos os tempos e lugares”, comenta Gilmar de Carvalho.
“Ele é um inovador da xilogravura. Como poucos, nestes dez anos em que passou a reinventar o mundo nas pranchas da madeira umburana, cortando sulcos, escavando e conseguindo as matrizes para a impressão de cangaceiros, beatos, bichos fantásticos, habitantes de um mundo maravilhoso, mágico e mítico, que migra do cordel, se imbrica com a cultura de massas e se atualiza em seu trabalho forte e denso, apesar da alegria e do caráter seminal de seu gesto criador”, completa o curador.
Morando em Fortaleza desde 1999, o artista mantém os vínculos com a região do Cariri cearense, onde nasceu e se iniciou na grande arte da xilogravura. Em sua obra assistimos as vaquejadas, quermesses, festas de apartação do gado, plantios, colheitas, quadrilhas juninas, violeiros.
A exposição Xilogravuras de João Pedro do Juazeiro, na CAIXA, mostra a permanência e a atualidade da xilogravura no contexto artístico nacional. Além da exposição, o artista também fará oficinas de xilogravura para grupo de vinte pessoas, de todas as idades.
domingo, 29 de agosto de 2010
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