terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"Máquinas poéticas": exposição no Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro



Museu Casa do Pontal inaugura `Máquinas Poéticas`
O Museu Casa do Pontal apresenta, a partir de 05 de fevereiro, a exposição "Máquinas Poéticas", que promove o encontro da obra de Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética no Brasil, e dos artistas populares Adalton, Laurentino, Nhô Caboclo e Saúba, a partir da temática do movimento. A mostra inaugura uma série de diálogos entre a arte popular e a arte contemporânea no Museu Casa do Pontal. Com curadoria da antropóloga Angela Mascelani, diretora do Museu, e Afonso Henrique Costa, integrante do Conselho da instituição, "Máquinas Poéticas" ficará em exibição por quatro meses, e marca a reabertura de parte das galerias da exposição permanente restauradas, e o término de mais uma etapa do projeto de modernização e acessibilidade do Museu. A exposição é parte do plano de atividades da instituição, que tem como mantenedores a Vale e a Petrobras, e conta com o apoio do Ministério da Cultura e da Light. As ações de modernização são fruto da parceria com o BNDES, por meio do edital de preservação de acervos. No dia da inauguração, dia 05 de fevereiro, toda a programação será gratuita.


Obra de Saúba
“Máquinas poéticas” vai reunir seis trabalhos de Abraham Palatnik (Natal, 19 de fevereiro de 1928), das quais duas de seu acervo particular e as demais da Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Os trabalhos dos artistas Adalton Fernandes Lopes (1938 – 2005), Laurentino (1937 – 2009), Nhô Caboclo (? – 1976) e Saúba (1953) pertencem ao Museu Casa do Pontal, grande parte deles raros e na reserva técnica por conta do longo restauro, realizado nos últimos nove anos. Exemplos desse cuidadoso trabalho de restauro são a grande peça “Índio do Futuro” (“Índio do Xingu”), de Laurentino, que não é vista há 20 anos. Outro destaque é “A volta do cangaço”, de Saúba, que reproduz o tropel de cavalos com o ruído feito pelo motor da peça. Saúba costuma se referir as suas construções como “engenharias”, tal a complexidade de sua mecânica. A iluminação dessa obra projetará as sombras na parede, intensificando sua poética. As duas cinéticas de Nhô Caboclo, “Guerreiro equilibrista” e “Equilibrista com duas cabeças”, chamam a atenção pela sua delicadeza. O engenhoso mecanismo das obras dos artistas populares muitas vezes será aparente, para o público apreciar o trabalho realizado, como na impactante “Serra Pelada”, de Adalton.

Abraham Palatnik mostrará cinco “objetos cinéticos”, de 1965, 1966, 1984 e 1991, e um cinecromático, de 1960. Na entrevista que concedeu à Angela Mascelani e a Lucas Van de Beuque, que estará no catálogo da exposição, ele revela que seu interesse na arte popular se deve a sua esposa, Léa. “Ela descobria as coisas e eu vi que tem realmente uma vida aquilo, que não é só a arte abstrata, e eu acabei adquirindo algumas peças”, conta. “Foi Léa quem me induziu a gostar da arte popular, porque eu vi naquilo uma coisa espontânea, do mesmo jeito que eu também me sentia espontâneo nas coisas que fazia”.


Obra de Adalton
Angela Mascelani ressalta que a despeito das diferenças entre Palatnik e os artistas populares, “vários pontos os aproximam: a atração pelo lúdico, o gosto pela invenção, um genuíno espanto pela automação e a entrega ao paciente trabalho investigativo”. Ela observa também que “a tecnologia exerce papel singular nessa produção que, de alguma forma, conjuga arte e ciência”. “Esses artistas compartilham ainda de um mesmo período histórico em que ocorreram e ocorrem intensas mudanças tecnológicas no Brasil e no mundo”.

Saúba, o genial mamulengueiro pernambucano, entusiasmado com a exposição no Rio de Janeiro comentou: “Sou viajado no mundo! Não tenho parada!” Ao seu público costuma apresentar-se: “Eu não tenho leitura. Tenho inteligência. Quando chego digo: Sou o mestre Saúba, trago novidades que vocês nunca viram na vida!”

Modernização
Ao ser contemplado pelo edital de preservação de acervos, o Museu Casa do Pontal pôde realizar a modernização de seus espaços, duplicando a reserva técnica, com cobertura adequada para garantir sua impermeabilização e isolamento térmico. Também foi criado um elevador para cadeirantes, que ampliará a acessibilidade da instituição.

Programação de abertura e seminário
No dia da abertura uma mesa-redonda vai discutir a exposição, com a presença do artista Abraham Palatnik e os curadores da exposição “Máquinas poéticas”. Haverá ainda a apresentação da performática Orquestra Voadora. Em abril está previsto um seminário com a participação do artista Saúba, que mora em Pernambuco.


Exposição: Máquinas Poéticas – Abraham Palatnik e os artistas populares Adalton Lopes, Laurentino, Nhô Caboclo e Saúba
Abertura: 05 de fevereiro de 2011, sábado, a partir das 16h
Visitação: até 05 de junho de 2011
Terça a domingo, de 9h30 às 17h
Museu Casa do Pontal
Estrada do Pontal, 3.295, Recreio dos Bandeirantes
Telefone: (21) 2490.3278/ 2490.4013
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). O ingresso à exposição permanente do Museu dá acesso livre à galeria.
No dia da inauguração, dia 05 de fevereiro, toda a programação será gratuita.

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